Quando queria contemplar a luz tudo se apaga no clarão. Em vias de loucura tornou a buscar os cacos, derramados na rua em seu pedaços. Porções de fala que ecoam pela cabeça, tornam a cefaleia inaceitável. Nada me consola do ato, nada me faz suspirar, tudo é seco, agora é fato. Dentro do vivo fazem-se sementes a todo instante. Junto destas brota o rio. A falta de sentidos me altera, me confunde, chega a me sufocar até a loucura. O fato antes questionável se conclui em verdade árdua e dolorosa, que a cada dia espreme mais, tortura mais, dói mais. Que lágrimas brotam de onde não se capta luz? Que sonhos nascem de sementes mortas? Que dias acabam antes de nascerem? Que vida torna em nó na garganta, arranha o peito e sufoca, apertando, hipoxemiando, matando? Cruel destino de sentimentos, não sei onde este vai parar. Dor lancinante, difusa em corpo, em alma, em vida. Rasga do meu peito a boca, sangra em alegria desfalecida e some ao fim do dia, se apaga no horizonte. É o que deseja aquele incapaz de enxergar, pois deixo-se perder na beleza do que antes se fazia ver, sentir.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
sexta-feira, 10 de julho de 2009
As Vitrines
"Eu te vejo sair por aí
Te avisei que a cidade era um vão
- Dá tua mão
- Olha pra mim
- Não faz assim
- Não vai lá não
Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir
Já te vejo brincando, gostando de ser
Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar
Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão"
domingo, 5 de julho de 2009
A brisa
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